Floresta

Então era isso.
Não sabia onde mais ninguém tinha se metido, fazia um tempo que Caius havera passado a missão para nós, e nada. Iria com Demetri e Renata buscar mais informações sobre os trí-hibridos, não iriamos apenas nós, mas já não sabia o que fazer. Com o tempo, ficar sozinha em seu quarto se torna exaustivo. O castelo já não era mais como antes, não era mais tão movimentado. Não sabia o que estava acontecendo com todos, mas não parecia ser muito bom. Caius iria ficar irritado com isso e eu sabia, só não sabia como reagir a tal incidente. Levantei de minha cama e apressei os passos até a porta, realmente, o castelo já não era mais como antes. Logo eu já estava fora do castelo, sem nenhum imprevisto acho, e quando pús os pés fora lá estava o sol, perfeito pra uma tarde de Novembro, as pessoas na rua se divertindo, alguns turistas, típico de Volterra. Isso me lembrou minha linda Londres, fazia tempos que não ia lá, e queria mesmo ter a oportunidade de pisar em minha Inglaterra novamente. Não sabia pra onder ir, na verdade não existia lugar melhor pra ir do que a Floresta, não sei porque mas eu gostava de ir lá, era bom, era único. E como previsto logo estava la também, sinceramente eu não esperava refletir sobre a vida, mas minha cabeça não rodava nada, geralmente eu pensaria em meu passado, em meu presente e consequentemente no futuro, mas não. E sentei, estava calma, meu psicologico e emocional estavam bem, até que, do nada, percebi outro alguém, não era humano, pude ver pelo cheiro, era da minha raça e estava me deixando inquieta, um intruso, que ótimo. -Eu sei que você está aí.- Minha voz saiu mais séria do que o esperado, mas era isso o que eu queria, queria que ele soubesse com quem estava se metendo, arh, estava me sentindo uma vilã. Me virei, e lá estava ele, era um garoto como eu tinha imaginado, e a única coisa que consegui fazer foi esboçar um sorriso sínico, pra talvez assusta-lo, ou não, tanto faz.

Deixei um suspiro escapar de meus lábios e levantei do chão -sim do chão-, e como eu estava NO CHÃO consequentemente meu vestido acabou se sujando, eu bati nele de leve para deixar a areia cair e sorri novamente pro garoto cruzando os braços. Ainda bem que ele sabia o risco que corria. -Garoto experto. Ainda bem que sabe os riscos que corre. Mas não precisa se preocupar, eu não causarei mal nenhum à você, se fizer por onde, claro.- Mordi o lábio o examinando dos pés à cabeça e continuei. -Sabe que risco corre não é?- Ele assentiu. -Mas então, porque não nos fez uma visitinha, não iríamos arrancar nenhum pedaço seu.- Era estranho um vampiro estar em Volterra, tão perto de nós e não estarmos cientes disso, um erro eu sei, tinha que me esforçar mais com isso, ele podia ser uma ameaça, mas pensando bem talvez eu estivesse exagerando, porque bem, ele não parecia ser um daqueles recém-criados tolos que pensam que mandam no mundo.

Recém criado, claro. Como eu imaginava. Suspirei novamente e descruzei os braços, desta vez fazendo isso com as pernas. -Recém criado? Isso era mais um motivo pra passar no castelo. Existem várias coisas que você precisa saber e aprender, e a primeira é nunca confiar numa Volturi, principalmente se encontrar ela numa floresta e ainda nem saber seu nome.- Aquilo tinha sido uma piada e isso era óbvio, mas no fim acabou que eu tinha um pouco de razão. Confiar num Volturi, independente de qual for, e principalmente se ele for apegado ao seu "mestre" como eu era, era arriscado até demais. Talvez ele estivesse fazendo aquilo porque era... Despreparado? Não parecia ser despreparado mas como ele mesmo tinha dito, era um bebê, e tinha muita coisa que ele precisava saber logo de cara. Depois da piada eu não consegui evitar um riso, em um piscar de olhos eu já estava à sua frente, dei uma volta ao redor do vampiro e parei ao seu lado esquerdo, dando um passo pra trás para não ficar muito perto. -Nada mal, não perdeu nenhum membro ainda.- Minhas piadas eram estranhas, eu sei, mas falava aquilo por experiência própria, não que tivesse acontecido comigo, mas já tinha visto vários vampiros perdendo braços, pernas, e principalmente, cabeças. -Sou a Rebeka, e provavelmente bem mais velha que você. Acho que uns... 760 anos a mais que você, isso se minhas contas estiverem certas.- Admiti, não queria estender a mão, porque pra mim isso significava "oi, sou seu amigo", e eu não queria que ele pensasse assim.

Suspirei, cruzei os braços e abaixei a cabeça, percebendo ele se aproximar. -Na verdade você já deveria ter feito isso há muito tempo.- A ergui novamente, o fitando. Sim, ele deveria, e eu não iria voltar ao castelo depois de finalmente ter conseguido sair de lá, seria uma tortura, e provavelmente meus mestres estariam ocupados, principalmente Aro. Assim que a imagem do castelo quase vazio se passou em minha mente, senti uma pontada no peito, e meu olhar já não era mais feliz. -Se quiser ir, vá, mas eu não voltarei lá, pelo menos, não agora.- Sorri de novo, mas sorrir não significa estar feliz, certo? O garoto parecia interessante, recém-criado, sem clã, sozinho no mundo, e se ele tivesse poderes seria melhor ainda. -Mas então, Nick, tem alguma "habilidade" em especial?- Resolvi então, perguntar, mordendo o lábio. Segundas intenções, eu sei, não aquelas de filme, e sim aquelas de encontrar um breve mais novo Volturi, e como o cestelo estava quase vazio, talvez isso fosse bom.

Ah, claro, como eu imaginava, nenhum dom em especial, ele então disse algo sobre "Volturi matam por qualquer coisa", isso não era verdade, oh, era quase verdade, mas não matávamos por qualquer coisa, qualquer coisa é uma forma muito simples de dizer "algo muito sério", para nós, nossas regras eram sérias, e eles tinham que tomar cuidado sim, mas matar por piscarem não era bem nosso tipo. Gargalhei ao o ouvir, e percebi ele recuar um pouco, ele estava com medo? Meu dia estava ficando cada vez melhor. -Não matamos por piscarem...- Disse enquanto ele recuava. -Nós temos nossas regras, sei que são rígidas mas são pelo bem de nossa raça em geral, não quer que tudo vire uma desordem, quer? Estamos aqui pra isso! Sem nós esse mundo estaria um caos.- E era verdade, imagine todos os humanos inúteis e sem nexo sabendo da existência de nossa raça? E aqueles religiosos então? Iriam querer nos queimar vivos. Juro que não era uma piada, mas eu ri ao imaginar isso. No meu tempo seria bem normal, mas agora? Seria patético. Ao ouvir sua admissão sobre a visão que ele tinha de "garotas da guarda" deixei outra gargalhada escapar, e a segurei novamente como sempre fazia, ou tentava fazer. Híbrido? Ah, híbrido! Não importava o quão interessada eu era nesta raça, minha meta naquele momento eram os trí-híbridos, aquela aberração que se resume em misturas estranhas e... Quase impossíveis de raças. Então ele disse que esperava que eu o matasse, é, eu também esperava isso, mas fazia tempo que não via algum vampiro que não fosse da guarda, fazia tempo que eu não saía do castelo, fazia tempo que eu não vivia, na verdade. -Sim, eu ia fazer isso quando percebi alguém além de mim aqui, mas estou tentando ser mais sociável com visitantes, sabe, se você fosse um humano talvez agora estivesse conhecendo o tio lúcifer, mas já que está aqui, sinta-se honrado.- Cruzei os braços novamente enquanto o via tirar suas lentes, claro, seus olhos eram bem mais vermelhos que os meu, quase fiquei cega de tão ofuscante que eram -mentira-, os meus eram um vermelho escuro meio claro, não eram mais aquele vermelho de chamar atenção, os dele eram assim por ser recém-criado, mas logo iriam apagar, não literalmente, mas iriam. -Eu sou uma Volturi, como deu pra perceber, na verdade não nasci na Itália, sou de Londres, Inglaterra. Entrei na guarda no início, quando fui transformada. Sou um tipo de "guarda especial", para o Caius, mas faço outras coisas também. E minha idade você já sabe.- Descruzei os braços novamente e suspirei.

Ele me contou praticamente toda sua história que era bem triste, mas o vampiro era burro, não era pra ele ter o jogado e achado que ele iria morrer no final, porque já era de se adivinhar que o veneno iria fazer efeito, cada dia me decepcionava mais com os vampiros atuais. Então por fim ele fez uma pergunta estranha, nunca ninguém havera me perguntado aquilo. -É bom se você gostar do que é, mas se estiver lá por "obrigação" já não tem graça. Geralmente, se entra na guarda por não ter outras opções, no começo é meio difícil se acostumar, mas no fim quase sempre dá certo. Sabe, até hoje não vi muitos reclamando do trabalho, mesmo que a maior parte deles tenha sido escolhido, e ter escolhido. Realmente eu não sei porque estou falando isso pra você, provavelmente eu terei que te matar depois por ter deixado escapar coisas tão confidenciais.- Minha voz saiu séria, mas eu sorri logo depois, ah, piadas irônicas, eu adorava elas. -Agora me conte como é sua vida.- Pedi, ainda mantendo meus olhos fixos nele. Desde que entrei na guarda quis saber como era a vida se eu nunca tivesse a encontrado, se era interessante, tediosa, mas no fim isso não importava porque... Eu estava satisfeita com o que tinha me tornado, eu gostava disso.